Consequências do mal descarte do lixo eletrônico.
Com um avanço tecnológico muito grande e uma demanda de lucro cada vez maior, o mundo vêm produzindo lixo em quantidades absurdas. O Brasil é o país que mais produz lixo eletrônico na América Latina, sendo 97% descartado em lixo comum. Mas de que maneira esse lixo nos afeta?
Ao longo da história da consolidação do capitalismo, percebemos que o “comprar”, “ter”, tornam-se uma necessidade, de maneira que o homem só se realiza quando possui determinado produto (que muitas vezes sequer precisa). Os avanços tecnológicos contribuem para isso, deixando cada vez mais fácil adquirir e procurar pelos mais variados produtos, de forma que o “fazer compras on-line” torna-se terapêutico para muitos. Entretanto, é preciso analisar essa necessidade por trás das compras, e perceber que, na maioria das vezes somos induzidos a comprar cada vez mais, porque as indústrias precisam de cada vez mais lucro.
Pense, desde quando somos crianças nos são mostradas milhares de propagandas mostrando qual brinquedo está na moda e qual devemos desejar, de modo que só nos sentimos bem ao comprá-lo, e, provavelmente, enjoaremos logo. Ou compramos um celular novo que nos satisfaz completamente, mas ao ver os novos lançamentos de determinada marca não estamos mais tão satisfeitos assim, e sentimos necessidade de trocá-lo. Ou, ao comprar um novo aparelho eletrônico que esperamos que dure pelo menos três anos, dura metade disso e, sem escolha, precisamos comprar outro. Todas as situações anteriores são extremamente normalizadas e só contribuem para um consumismo exagerado e uma produção de lixo ainda mais exagerada.
Apesar de vivermos na era da tecnologia, com os aparelhos mais modernos do que nunca, estamos longe de conseguir conscientizar a população acerca do descarte correto desses eletrônicos. Cerca de 97% do lixo eletrônico no Brasil, que é o país que mais produz lixo eletrônico na América Latina, é descartado em lixo comum. Entretanto, mesmo com os números alarmantes, pouco é discutido e ensinado a respeito das consequências que esse lixo pode causar, principalmente visto que os eletrônicos possuem metais pesados na sua composição.
Como exemplo de riscos do acúmulo de metais pesados, podemos olhar para a própria cadeia alimentar, na qual ocorre o fenômeno de bioacumulação, que consiste no aumento de Poluentes Orgânicos Persistentes (POP) a cada nível trófico. Dentro dos POP’s podemos citar os metais pesados que são frequentemente descartados nos mares, por exemplo. Dessa forma, a substância tóxica é consumida pelos peixes, que são consumidos por peixes maiores até chegarem nos nossos pratos. Nesses ciclos os POP’s não são eliminados, e sim acumulados, tornando a concentração ingerida pelos humanos muito mais alta que a inicial. Entretanto, a contaminação não ocorre necessariamente pela ingestão, pode ocorrer através da pele, e até mesmo pela via respiratória, tornando ainda mais difícil controlar a entrada de POP’s no nosso organismo.
Os efeitos de uma contaminação podem variar, mas geralmente são graves. Como exemplo podemos citar os Éteres de difenilas polibromadas (PBDEs), que são substâncias utilizadas para que aparelhos eletrônicos não peguem fogo, como resinas de computadores, invólucros para televisão e computadores etc. Porém, apesar de sua grande utilidade no meio tecnológico, se for exposto a alguma pessoa (principalmente via alimentação), pode afetar o sistema neurológico, ativar a produção de substâncias tóxicas no fígado e afetar o sistema endócrino.
Outro exemplo seriam as Bifenilas policloradas (PCB’s), que são compostos orgânicos amplamente utilizados na indústria, desde fluídos em transformadores elétricos até adesivos. A principal via de exposição é, novamente, através da alimentação (principalmente em alimentos gordurosos como peixes, carnes, laticínios), e são distribuídos em locais com maior depósito de gordura no corpo humano, assim podendo se alojar no tecido adiposo, fígado, cérebro, pele e leite materno. Dessa forma, podem causar hiperpigmentação, inflamação das pálpebras, dor de cabeça, acne. E, se a exposição for de longo prazo pode causar toxicidade hepática, imunológica, reprodutiva e dérmica.
Outras substâncias muito utilizadas na confecção de produtos eletrônicos são o mercúrio, chumbo e cádmio. O mercúrio usado para computadores, telas e baterias, pode causar grande modificação do sistema nervoso, causando, por exemplo, demência. O chumbo também muito usado em monitores e computadores, pode causar severas alterações genéticas e neurológicas, chegando até mesmo ao câncer. E o cádmio, liberado na queima de combustíveis fósseis, cigarros e lixo, pode causar câncer ao longo prazo, reumatismo, descalcificação óssea etc.
Referências:

